sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Behavior Driven Development




Behavior Driven Development (BDD) ou ainda uma tradução livre Desenvolvimento Guiado por Comportamento é uma técnica de desenvolvimento Ágil que encoraja colaboração entre desenvolvedores, setores de qualidade e pessoas não técnicas ou de negócios num projeto de software. Foi originalmente concebido em 2003, por Dan North [1]como uma resposta à TDD, e tem se expandido bastante nos últimos anos (Behavior Driven Development, 2012). No BDD, os testes de aceitação são descritos em linguagens naturais próximas do domínio do negócio usando DSL. Para estes testes de aceitação são usadas DSTL e se estes possuírem formalidade suficiente podem ser interpretados e executados por uma ferramenta especializada (CAETANO, 2012). Os testes descritos em linguagem natural são interpretados por ferramentas especializadas que, por sua vez, exercitam o código/API do sistema para demonstrar se o comportamento foi atendido.
O BDD pode ser visto como uma evolução da técnica de programação TDD [ (AL., 2009), e compartilha com essa técnica a característica principal de se escrever testes antes de escrever a implementação do que está sendo testado, para então desenvolvê-la até que o teste passe. (RIMMER, 2010) mostra que outra forma de se ver o BDD é como uma nova compreensão sobre o processo de TDD que estabelece que o teste não é o ponto central real da técnica, mas sim a descoberta e compreensão, através da definição dos testes, do comportamento que está se querendo obter com um código. O processo de BDD incrementa o TDD de forma a resolver algumas questões em aberto com as seguintes práticas: cada funcionalidade deve ser claramente compreendida por ambas partes (desenvolvedores e clientes), para isso se deve usar uma linguagem para os casos de teste compreensível a ambas partes, uma vez que os casos de teste são na realidade especificações de comportamento; cada funcionalidade deve possuir um valor claro e verificável para o negócio, de modo a priorizar o mais importante e evitar o que pode não vir a ser necessário; deve-se planejar a frente o mínimo possível, escrevendo testes para o menor e mais prioritário subconjunto de funcionalidades possível e o desenvolvendo antes de adicionar mais funcionalidades (AL., 2009).
O foco em BDD é a linguagem e interações usadas no processo de desenvolvimento de software. O BDD propicia o uso da língua nativa, a linguagem natural, em combinação com a linguagem ubíqua (usada no processo de desenvolvimento de software) permitindo que os desenvolvedores foquem em por que o código deve ser criado, ao invés de detalhes técnicos minimizando assim, traduções entre linguagem técnica na qual o código é escrito e outras linguagens de domínio, usuários, clientes, gerência do projeto, etc. (NORTH, 2006).

As práticas de BDD incluem:
       Envolver as partes interessadas no processo através de Outside-in Development (Desenvolvimento de Fora pra Dentro)
       Usar exemplos para descrever o comportamento de uma aplicação ou unidades de código
       Automatizar os exemplos para prover um feedback rápido e testes de regressão
   Usar deve (should em inglês) na hora de descrever o comportamento de software para ajudar esclarecer responsabilidades e permitir que funcionalidades do software sejam questionadas
     Usar dublês de teste [2](mocks, stubs, fakes, dummies, spies) para auxiliar na colaboração entre módulos e códigos que ainda não foram escritos


BDD é guiado pelos valores de negócios; que é o benefício trazido para o negócio no qual a aplicação está sendo produzida. A única maneira na qual o benefício pode ser percebido é através de interfaces de usuário para a aplicação, comumente (mas nem sempre) a interface gráfica de usuário. Da mesma maneira, cada trecho de código, começando com a interface de usuário, pode ser considerado como sendo um cliente de outros módulos de código no qual a interface é utilizada. Cada elemento de código provê algum comportamento, o qual em colaboração com outros elementos provê o comportamento da aplicação. A primeira parte de código de produção que os desenvolvedores que usam BDD implementam é a interface de usuário, pois dessa maneira os desenvolvedores podem se beneficiar com um feedback rápido para saber se a interface está adequada ou não. Através de código, e usando princípios de design e refatoração, desenvolvedores descobrem colaboradores para a interface de usuário, e posteriormente para cada unidade de código. Isso os ajuda a aderirem o princípio de YAGNI, desde que cada trecho de código de produção é requerido pelos negócios ou por outro trecho de código já escrito (Behavior Driven Development, 2012).
Devido ao impacto da aplicação de BDD no projeto como um todo ele se tornou uma metodologia ágil de segunda geração. (Primeira geração, Scrum, XP. Segunda geração BDD). Segundo (CHELIMSKY, ASTELS, et al., 2010) o desenvolvimento guiado por comportamento se baseia em três princípios básicos:

       O bastante é o bastante: Planejamento antecipado, análise, e design são atividades que possuem um retorno decrescente. Não deve-se fazer menos do que o necessário para iniciar o projeto, porém, mais do que isso é desperdício de esforço. Isso também se aplica à automação do processo. Ter um processo de implantação do sistema e testes automatizados é importante, mas deve-se evitar automatizar tudo.
       Entregar valor aos stakeholders: Se uma atividade não está entregando valor ou melhorando a capacidade de entregar valor, então não se deve executá-la e deve-se focar em outra atividade.
       Tudo é comportamento: Não importa se ao nível de código, à nível de aplicação, ou além, pode-se utilizar o mesmo pensamento e construção linguística para quaisquer níveis de granularidade.


Defensores de BDD alegam que o uso de "deve" (should) e "garantirQue" (ensureThat) em exemplos de BDD incentivam os desenvolvedores a questionarem se as responsabilidade que eles estão atribuindo aos seus objetos são apropriados, ou se elas podem ser delegadas ou movidas inteiramente para outros objetos. Um objeto que é mais simples que o código de colaboração e provê a mesma interface, porém com um comportamento mais previsível, pode ser injetado no código que precisa dele, e os exemplos de comportamento do código podem ser escrito usando estes objetos ao invés da versão de produção.
A palavra-chave para este tipo de técnica é "especificação executável” baseada no comportamento da aplicação. Especificações executáveis ​​têm muito mais chance de não serem abandonas, já escrevê-las, ao contrário de escrever estática não executável e tradicional documentação, torna-se efetivamente parte de todo o processo de desenvolvimento. Executando estas especificações é possível visualizar instantaneamente o que realmente o software em questão faz, enquanto no momento em que se inspeciona o código fonte é revelado somente o que este supostamente deveria realizar. Trazendo á tona um benefício desta prática, gerando para uma equipe praticante uma maior confiança em relação ao trabalho que está sendo desenvolvido


[1] Ativista da causa Ágil. Mais informações em: http://dannorth.net/
[2] Mais informações em: http://martinfowler.com/articles/mocksArentStubs.html

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